quarta-feira, 31 de março de 2010

Um treino para o sucesso

Desenvolver-se no mundo organizacional pode ser um desafio desencorajador e difícil. Para Flávia Holderegger, 30 anos, que atuava há sete na área de Recursos Humanos, o trabalho mostrava-se tedioso e sem perspectiva nenhuma. “Estava na situação em que me perguntava se realmente queria trabalhar com aquilo. Fiz vários cursos de especialização e de extensão na área de R.H., mas não consegui me levar à satisfação profissional”, lembra.

Dentro do próprio trabalho, Flávia conheceu um treinamento que lidava com questões motivacionais: o coaching. Esse processo, voltado para o aperfeiçoamento humano, vem ganhando força no Brasil nos últimos cinco anos. Utilizado principalmente dentro dos ambientes corporativos, sua aplicação visa gerar comportamentos em que o auto-desenvolvimento e a autoliderança sejam encorajados e facilitados.

“Os executivos certamente procuram esses serviços com o objetivo de alcançar, por exemplo, o desenvolvimento na carreira, a mudança de área ou de emprego e, até mesmo, no momento de abrir um negócio”, revela Thaís Petroff, coach – nome dado ao profissional da área. “Percebo por parte deles uma grande ânsia por desenvolvimento profissional”, completa. É a partir desse desejo que o treinamento vai modelar o profissional para conseguir resultados significativos, fazendo com que ele atinja suas metas e objetivos dentro do trabalho, mas, também, fora dele.

Aperfeiçoando qualidades, atingindo resultados

Fazer uma empresa prosperar não está somente ligado a forma como se a gere, mas também como se projeta a equipe por trás de todo bom resultado. Para tanto, inspirar e conduzir pessoas dentro das organizações, além de serem elementos para alcançar sucesso, são qualidades reservadas a um verdadeiro líder. No entanto, algumas pessoas que possuem características de liderança tendem a carregar consigo alguns excessos que podem ser prejudiciais para convivência corporativa.

Nesse sentido, alguém que saiba estimular o indivíduo – sempre orientado pela ética – e trabalhar com técnicas que o direcionem por caminhos seguros, é imprescindível. “O coach trabalha com perguntas que geram reflexão, que geram entendimento, e que vão direcionar a pessoa a ter um plano, a ter uma meta, a realmente definir quais são suas forças, o que ela precisa fazer para atingir aquilo, quais são suas limitações, no que ela precisa se desenvolver, quais são seus recursos externos para atingir seus objetivos, quais são seus valores, quais os limitadores que estão atrapalhando a sua vida”, esclarece Flora Victoria, vicepresidente da Sociedade Brasileira de Coaching (SBC). “A pessoa vai entender como ela pode atuar para usar esses motivadores para atingir seus resultados mais rapidamente”.

A atuação desses profissionais é sempre uma parceria conjunta ao coachee (pessoa em treinamento). Por meio de técnicas e metodologias específicas o coaching aflora o raciocínio do indivíduo e modela uma nova postura para que ele pense a vida e a carreira ativamente. Além disso, é um processo dinâmico. “Com a psicoterapia tudo é muito mais demorado, ou seja, os resultados podem levar anos para aparecer, já com o coaching tudo é bem mais dinâmico e leva cerca de três meses para chegarmos a um resultado concreto”, explica Thaís Petroff, “é uma descoberta em conjunto”, complementa.

Foi juntamente a sua coach que Flávia Holderegger aprendeu a localizar suas fraquezas e defeitos, fazendo deles um trampolim para alcançar seus objetivos. “É um trabalho reflexivo. Através das seções você mesmo vai respondendo a suas perguntas, se autoconhecendo”, descreve. Ela atualmente elabora uma agenda de tarefas para alcançar suas metas, deixou o antigo trabalho há alguns meses e agora revê a possibilidade de montar um negócio próprio.

Uma profissão multidisciplinar

Apesar de lidar com questões humanas, esse trabalho não diz respeito ao tratamento de quadros mais delicados como depressões ou distúrbios psicológicos. Como salienta Flora Victoria, “se eu estou com um problema depressão, raiva, tristeza profunda, eu vou procurar um terapeuta… agora, se eu estou com uma vida boa e quero potencializar meus resultados, a quem eu procuro? Qual o profissional que me ajuda? O coach”. Foi a partir dessa vontade de ir além por parte de seus pacientes, que Thaís Petroff, também psicóloga cognitiva, resolveu tornar-se uma profissional da área. “Comecei a perceber que quando os assuntos [mais sérios] eram resolvidos eles queriam ir além”, diz.

Outro fator a ser considerado é que esse tipo de procedimento não possui regulamentação no Brasil, logo o coach pode ser tanto um psicólogo como um analista de sistemas. Mesmo assim, a profissão está fundamentada em uma cadeia de conhecimentos atestados pela ciência e desenvolvidos em cursos oferecidos por instituições que se comprometeram com o conhecimento da área, aperfeiçoado ao longo de seus trinta anos de reconhecimento.“Não é uma profissão regulamentada, assim como não é, por exemplo, o consultor, por que é uma profissão multidisciplinar.Nela é preciso entender sobre comportamento humano, negócios e processos. Mas para atuar como coach você precisa de um conjunto de ferramentas comprovadas cientificamente”, aponta a vice-presidente da SBC.

Seja para motivar os profissionais que se sentem estagnados ou para moldar um bom líder, potencializando sua relação com os demais funcionários, o coaching vem se tornando um processo cada vez mais conhecido entre os profissionais que almejam melhorar seu desempenho e bem-estar não somente na organização em que se atua, mas também, na vida.


Fonte: Revista Mulher Executiva/ed.2

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