sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Líderes precisam ser mais arrojados e sair da postura defensiva





A crise fez com que muitas organizações e líderes assumissem uma postura defensiva. Assim passam a joga para “não perder” em vez de “para vencer”. Essa é uma reação natural e necessária, mas inovar também é – e isso não pode ser deixado de lado em nenhuma circunstância.



Esse é o recado de Hendre Coetzee, sul-africano radica a mais de dez anos nos Estados Unidos e que já treinou executivos em cerca de 50 países. Coetzee veio ao Brasil para encontrar profissionais da área e dar um treinamento para a Sociedade Brasileira de Coaching.



Em sua passagem pelo país, conversou com o Valor sobre a importância de os executivos buscarem orientação nesse momento em que convivem com a sobrecarga de trabalho e uma maior pressão sobre eficiência. Confira os principais trechos da entrevista:



Valor: O que falta aos líderes neste momento e qual a influência da crise nisso?
Hendre Coetzee: O que está faltando para os líderes hoje é a criação de ambientes colaborativos, que melhorem a estratégia. Além disso, a verdadeira essência da liderança, que é dar passos arrojados, foi deixada de lado. É natural que em uma crise algumas pessoas e organizações se tornem defensivas e se expressem de maneira diferente. Assim, começam a jogar para "não perder" em vez de jogar "para vencer". Criar uma estratégia defensiva para atender situações difíceis como a redução do caixa e o giro mais lento dos estoques é importante, mas a inovação também é.
V: Quais as características desses dois tipos de estratégia?
HC: Organizações e pessoas que estão jogando para não perder fazem apenas o suficiente para sobreviver, elaboram a estratégia do dia-a-dia com base no passado, não compartilham informações e esperam para ver o que os outros estão fazendo. Quem joga para vencer, por outro lado, separa recursos e ativos para investir em novas oportunidades estratégicas, compartilha informações para ter uma base ampla de variáveis na tomada de decisões e cria oportunidades com ações.
V: Agora, que vemos um início de reação da economia, o que será importante para os líderes? O que muda depois da crise?
C: Acredito que o DNA das equipes mudou depois das turbulências na economia. A crise mostrou quem realmente está na sua equipe. Com quem você pode contar quando precisa enfrentar um desafio. Mais do que nunca, o benefício de se investir no capital humano se tornou evidente. Sua companhia vai ascender e cair diante das oportunidades e desafios, com base nas pessoas e na sua cultura.
V: Quando um executivo precisa de coaching?
C: O coaching é útil em qualquer tipo de transição. Pode ser quando um novo membro é acrescentado à equipe, quando um executivo é promovido ou recebe um conjunto maior de responsabilidades, por exemplo. O objetivo é contextualizar o profissional para que ele aumente sua capacidade de gerar resultados. O executivo deve desenvolver um comportamento que seja adequado para responder à nova situação.
V: A crise influenciou o conteúdo dos programas de coaching?
C: Há muitos administradores e líderes que vêm assumindo mais do que suas cotas justas de responsabilidade durante esta crise. Um número menor de pessoas fazendo o mesmo trabalho aumenta a possibilidade de se desenvolver uma fadiga mental que rapidamente pode levar à estafa. Essa realidade pode criar mais pressão para o indivíduo e para a organização. O coaching ajuda a pessoa a criar comportamentos saudáveis para lidar com o estresse e administrar pressões. Há também pedidos de realização de workshops para organizações que estão tentando reavaliar suas estratégias de curto prazo, ou desenvolver uma maior coesão entre os membros de seus conselhos de administração.
V: O que um programa de coaching precisa ter para ser considerado eficiente?
C: Um provedor de coaching dever ter uma metodologia comprovada em sua abordagem. Isso significa que os orientadores não só aprenderam as técnicas do coaching, mas também possuem uma base sólida em ciências comportamentais e uma perspicácia desenvolvida sobre os negócios. O coaching é um processo, de modo que um cronograma e os resultados podem ser planejados em conjunto pelos interessados e o provedor de coaching. É essencial também ter a adesão das pessoas que receberão orientação.
V: Qual o maior erro das empresas quando buscam um programa de coaching?
C: As companhias cometem erros ao olharem apenas para a certificação do coach, sem explorar mais a fundo suas metodologias de transformação. Tenho visto empresas iniciarem programas com pessoas que são bons treinadores, mas não possuem experiência de negócios para criar um programa interno sustentável.



Por Rafael Sigollo




Valor: 25 de maio de 2009.

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